segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

CONHEÇA O CARGO DE PERITO CRIMINAL NO BRASIL


reportagem
 / ciência forense

A nova tropa de elite

Jovens, inteligentes e bem pagos: Os peritos criminais brasileiros que usam a ciência e a tecnologia para combater o crime

Por Fabiana Corrêa e Jones Rossi; Reportagem: Arthur Guimarães e Marcello Sigwalt, de Brasília
PERITOS EM AÇÃO
A equipe que atua no Distrito Federal, que tem os salários mais altos do País, tem equipamentos de última geração para analisar os crimes
Anderson Schneider
1. Marcelo Nunes, 32 anos, engenheiro; 2. Bruno Aranha, 30 anos, eng. mecatrônico; 3. Eduardo Barcelos, 41 anos, agente de polícia; 4. André Santos, 30 anos, físico; 5. Larissa Marins, 35 anos, eng. civil
Crédito: Anderson Schneider
Jovens e inteligentes — e com salários que batem na casa dos R$ 18 mil no topo da carreira —, essa verdadeira tropa de elite da polícia brasileira usa o cérebro e não a força física para resolver alguns dos casos mais misteriosos do Brasil. O trabalho dos peritos ficou claro, por exemplo, no caso da menina Isabella Nardoni, resolvido praticamente a partir de provas técnicas, já que não havia testemunhas. Também apareceu no assassinato da estudante Maria Cláudia Del'Isola, de Brasília, em 2004, quando a equipe do Instituto de Criminalística do Distrito Federal (ICDF) usou uma substância química, o luminol, para mostrar os rastros de sangue deixados pelos assassinos. Ainda que todos carreguem armas na cintura, seu principal instrumento de trabalho são potentes microscópios, lanternas, computadores, lupas e outros equipamentos que chegam a custar R$ 3 milhões. Um kit que não ficaria atrás dos utilizados por James Bond no cinema. Essa tecnologia é o que atraiu gente como a bióloga Fernanda Leal, 25. Dois anos atrás ela trancou um curso de mestrado em fitopatologia, deixou as salas de aula em que lecionava para alunos do ensino médio e prestou o concurso público da Polícia Civil do Distrito Federal. O salário inicial: R$ 13,3 mil. A concorrência: 449 candidatos para cada vaga, 10 vezes mais que o vestibular para medicina da Universidade de São Paulo (USP), um dos mais disputados do Brasil. Aprovada, Fernanda passou a carregar, além das jóias que usa, o distintivo da Polícia Civil em uma correntinha pendurada no pescoço e uma pistola semiautomática Taurus .40 na cintura. A brasiliense integra o grupo de peritos do ICDF, uma elite formada por 200 pessoas que usa equipamentos tecnológicos e laboratórios científicos de ponta para resolver crimes. “Comecei a sonhar em ser perita assistindo ao seriado Arquivo X”, diz ela, referindo-se à dupla de detetives que investigavam casos envolvendo extraterrestres. 
CSI BRASIL
Marcelo Caldeira, 36 anos, Kelly Fernandes, 40 anos, e Denise Kawakami, 30 anos, em frente ao prédio da Superintendência da Polícia Técnico-Científica de São Paulo. Caldeira formou-se em física e está há dois anos na Polícia Científica. Como perito, vai até a cena do crime recolher as evidências e depois as passa para os técnicos dos laboratórios. “O trabalho de perito é bem diferente do mostrado na televisão. Não falamos com testemunhas. Nosso trabalho é coletar as provas. Eles retratam a parte ambulatorial de forma mais fiel.” Kelly faz as fotos das cenas. Entrou para a polícia há 20 anos. “Tento contar a história do crime por meio das fotos. Elas são como quadrinhos.” Denise trabalha como desenhista da polícia há um ano e quatro meses. “Com o auxílio de um programa, recrio as cenas dos crimes em três dimensões.”
RICARDO CORRÊA
1. Denise Kawakami, 30 anos, desenhista; 2. Marcelo Caldeira, 36 anos, engenheiro; 3. Kelly Fernandes, 40 anos, fotógrafa
Crédito: Ricardo Corrêa


Fernanda e seus colegas de trabalho passam dias e noites visitando cenas de crime em busca de sinais de sangue, sêmen, saliva, impressões digitais, partículas de tecido, restos de pele, enfim, vestígios que podem ajudar a incriminar alguém de maneira inquestionável. Atualmente, na esfera da policial estão crimes com morte violenta, uma mudança e tanto para quem já ganhou um concurso de beleza local, assunto do qual ela não gosta de falar, mas com que seus colegas vivem brincando. Além dos assassinatos, os peritos do DF analisam provas de roubos a banco, explosões, incêndios e até mesmo crimes contra o meio ambiente. Acompanhamos essa elite da polícia do Distrito Federal — e a Polícia Científica em São Paulo — para entender como trabalham esses agentes que se parecem com os personagens do seriado de investigação criminal CSI (Crime Scene Investigation), sucesso da TV mundial.
MUDANÇA RADICAL
André Santos, 30 anos, estudou durante apenas dois meses para fazer o concurso da Polícia Civil do Distrito Federal. O conteúdo já fazia parte do seu dia a dia. “Até 2008 eu era professor de física em uma escola de ensino médio em Brasília”, diz. Hoje, trabalha cerca de 140 horas mensais, 72 delas em plantões que divide com um colega. Em pouco mais de um ano na área de morte violenta do Instituto de Criminalística, já visitou mais de 200 locais de crime.
Anderson Schneider
Crédito: Anderson Schneider
 #CHAPA QUENTE
 
Grupos parecidos com esses fazem parte da polícia em quase todos os estados do Brasil, mas nem todos são tão bem equipados ou passam por uma seleção tão rigorosa. Os equipamentos de ponta e a inteligência por trás dessas investigações refletem-se em uma alta taxa de solução de crimes. A própria Polícia Civil do Distrito Federal, do qual o IC faz parte, garante que a instituição resolve cerca de 80% dos casos que passam por lá. Um índice comparável ao do Canadá. Com a diferença de que no Brasil a chapa é mais quente. Enquanto em todo o Canadá aconteceram 611 homicídios em 2008, só no DF foram 651. Para dar conta, a equipe faz 130 mil análises anualmente. Trata-se de procurar manchas de sangue em uma roupa já lavada ou encontrar poluentes em um rio para saber qual fábrica local estaria jogando veneno nas águas. Os peritos trabalham em conjunto com os investigadores para reconstruir e até prever os próximos passos de um criminoso. “Precisamos refazer o percurso que levou até o momento final, quando se apertou o gatilho”, diz o engenheiro de incêndio e ex-bombeiro Marcelo Nunes Gonçalves, 34 anos, que faz parte da equipe de perícia do ICDF. “Se necessário, voltamos ao local do crime, pois as evidências podem aparecer depois.” 


Nos últimos anos, esses grupos de difícil acesso da polícia brasileira passaram a dispor de investimentos maiores e equipamentos como os que são usados por investigadores do seriado CSI, um fenômeno que chega a reunir 25 milhões de americanos em frente à TV a cada episódio. Há dez anos, um dos poucos equipamentos tecnológicos que o ICDF dispunha era o luminol, reagente que ajuda a identificar vestígios de sangue espalhados em ambientes. Logo depois, vieram as lanternas forenses, que fazem o mesmo trabalho e custam R$ 30 mil cada. Mas se hoje elas são compradas com dinheiro do governo, as primeiras foram adquiridas pelos próprios policiais. No último mês de abril, uma indicação dessa melhoria foi a chegada do scanner ZF Imager, que custou R$ 1 milhão e é semelhante ao usado pelo FBI, nos Estados Unidos. O equipamento serve para construir um retrato fiel, em três dimensões, do ambiente em que aconteceu um delito. “Em minutos ele escaneia um local e permite encontrar detalhes com precisão de 0,4 milímetros”, diz Celso Nenevê, diretor do IC em Brasília. Até então, esse tipo de levantamento podia demorar 30 dias e tinha margem de erro de 5 centímetros. 
Anderson Schneider
Raquel Guimarães Pereira da Silva, 26 anos, brasiliense, perita criminal há dois anos
Crédito: Anderson Schneider


Na cidade de São Paulo, a Superintendência da Polícia Técnico-Científica (SPTC) ocupa um edifício de cinco andares e 40 mil metros quadrados. Seu diretor, Celso Perioli, 58 anos, fã de seriados de investigação e ex-perito, testa todos os novos equipamentos que chegam ao prédio. O último é um aparelho a laser que indica a trajetória e o ângulo de um disparo a bala. Mas Celso está de olho no que, possivelmente, será a próxima aquisição: o Ibis Trax 3D, que recria em três dimensões as ranhuras de um projétil e busca, em um banco de dados, a exata arma de um crime. Há 12 anos a Polícia Técnico-Científica era apenas um braço da Polícia Civil de São Paulo, encaixada em salas improvisadas. Hoje, emite cerca de 1 milhão de laudos por ano, tem atuação independente e um orçamento para investimentos de R$ 13 milhões, ou 26 vezes mais do que uma década atrás, quando era de R$ 500 mil. Com esse valor pode comprar equipamentos como um microscópio eletrônico de R$ 3 milhões, que amplia um vestígio em até 100 mil vezes. 


O CORPO FALA
Nem sempre os peritos trabalham com crimes que acabaram de acontecer. Há corpos que são encontrados tempos depois, em avançado estado de decomposição. Em casos assim, é preciso pedir ajuda para um entomologista, profissional que estuda os insetos e larvas presentes no cadáver. O corpo atrai espécies de insetos diferentes com o passar dos dias. Assim, é possível obter sangue e outros tecidos do morto presentes dentro desses insetos, e que ajudam a identificar, pelo DNA, a vítima
Anderson Schneider
Crédito: Anderson Schneider

 #Provão 


O seriado da TV americana CSI, em que policiais reúnem provas na cena do crime e levam para laboratórios superequipados, vem atraindo gente para a profissão de perito também no Brasil. “Tem muito garoto que pergunta se somos iguais ao pessoal da televisão”, diz Fernanda Leal. Faz sentido. Os peritos lidam com procedimentos científicos avançados e tecnologia de ponta, usam a lógica para reconstruir a cena de um crime e ainda ganham bem — uma realidade de alguns estados, é bom lembrar. Em São Paulo o piso salarial não chega aos R$ 13,3 mil do DF, o mais alto do País, onde se exige dedicação exclusiva à função. Na capital paulista os ganhos iniciais são de R$ 5,8 mil, mais próximo à média de outros estados. Interessou? Mergulhe nos livros e vá para a academia de ginástica. O último concurso, em 2008, teve 12.806 candidatos para 67 vagas. No Distrito Federal, são aceitos inscritos com diploma em engenharia, física, geologia, química, farmácia, odontologia, ciências da computação e contabilidade, entre outros. Em São Paulo, basta ter curso superior. Mas os peritos passam por um treinamento de até 13 meses em que conhecem a parte jurídica, administrativa e legal do trabalho, estudam tiro, antropologia, química e fotografia. 
PROFISSÃO: PERIGO
A engenheira civil Larissa Tâmara de Sousa Marins, 35 anos, dividia seus dias entre obras que visitava e aulas de inglês, que usava para aumentar seu orçamento mensal. Em 2002, ela prestou o concurso do Instituto de Criminalística de Brasília depois de meses de estudo e preparo físico, incentivada por um amigo. Já passou por quase todas as áreas da perícia. “É uma profissão perigosa, sim. Já teve vezes em que precisamos de um agente policial para conter o pessoal que estava em volta do corpo, revoltado porque demoramos a chegar.”

Anderson Schneider
Crédito: Anderson Schneider


O físico André Santos, 30 anos, foi um dos aprovados em Brasília no último concurso, em 2008. “Tive que estudar mais de 20 matérias para me preparar”, diz. Além das provas, André passou ainda por um teste de aptidão física. Para isso, muita gente contrata um personal trainer. “Fazia flexões até os braços doerem”, diz a engenheira Larissa Marins, 35, que está na perícia há oito anos e hoje faz parte da equipe de crimes contra o patrimônio, mas já passou por diversos departamentos do ICDF. “São tantas etapas que o pessoal brinca que o concurso é para perito da Nasa”, afirma o engenheiro Marcelo Coutinho Naves, 30, que está no IC há dois anos. Logo que chegam, peritos novatos como ele recebem uma pastinha com fotos de corpos ensanguentados. O objetivo é fazer um intensivão do que irão presenciar muito em breve. “Não é que ficamos frios, é que encaramos o corpo no chão como um meio para encontrar um criminoso”, diz Larissa. Como diz uma das peritas na abertura da série CSI, gente morta fala. 



 #Corpo estendido 

EX-BOMBEIRO
Em 2002, Marcelo Nunes Gonçalves, 34 anos, deixou o Corpo de Bombeiros em Brasília, onde se formou em Engenharia do Incêndio, e entrou para a perícia criminal. “Achar as peças da cena do crime que estão faltando foi o que me trouxe pra cá”, diz. Entre os plantões nas noites de sexta-feira, em que chega a ver quatro cenas de assassinato, e os acidentes que atendia nos tempos de bombeiro, Marcelo ainda fica com o primeiro. “Plantão é pesado, mas não se compara ao que eu vivia antes nos incêndios.”
Anderson Schneider
Crédito: Anderson Schneider


Se não falam, os mortos ao menos dão um jeito de passar recados. Por isso é que, depois de isolar a cena de um assassinato, os especialistas têm que despir os corpos já no local, mesmo que a morte tenha acontecido por enforcamento ou outra causa aparentemente óbvia. Algo que muitos familiares encaram como uma falta de respeito. “Para eles é claro que a morte foi por causa da corda, mas e se o homem também tomou um tiro?”, diz o paulistano Júlio de Carvalho, 25, formado em ciências moleculares pela Universidade de São Paulo (USP) e com diploma de mestrado em fisiopatologia experimental. Há dois meses Júlio atua como perito da Polícia Técnico-Científica de São Paulo. 


Enquanto Júlio roda de viatura pelas ruas, sua colega, a dentista Roberta Hirschfeld, 34, com especialização em DNA forense, fica no laboratório em São Paulo. Seu dia a dia é usar amostras biológicas ou pedaços de objetos que possam conter trechos de DNA de assassinos, estupradores ou ladrões. Com isso, indica o quanto uma gota de sêmen, por exemplo, traz o perfil genético de um suspeito. “Me sinto honrada porque nosso laboratório já ajudou a resolver inúmeros casos de estupro.” 


Mesmo passadas semanas — ou até meses — da morte, os corpos continuam “falando”. Entender o que eles dizem é o trabalho dos profissionais que atuam na área de entomologia forense. Eles usam os insetos que aparecem em um cadáver em decomposição para dizer há quanto tempo se deu a morte. Encontrar corpos em putrefação é uma das partes mais difíceis do trabalho. Não é a visão das larvas que incomoda. “É o cheiro”, diz o engenheiro mecatrônico Bruno Aranha, 30 anos, que trabalha na equipe de morte violenta do DF. Ele fala com conhecimento de causa, já que muitas vezes esses peritos chegam ao local do crime dias depois do acontecido, como é o caso do assassinato do ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), José Guilherme Villela, da sua mulher e da governanta, em agosto de 2009. Os três foram encontrados no apartamento do casal alguns dias depois do assassinato a facadas, no apartamento do casal, por peritos de sua equipe. Como o caso ainda está aberto, no entanto, ninguém pode falar sobre o assunto. 


 #Mera coincidência 


Nem sempre a vida imita a arte. Mesmo os laboratórios mais bem equipados do País não se parecem com os cenários do CSI, os peritos não conseguem chegar ao local do crime em minutos — às vezes demoram horas — e nem emitem laudos de DNA em apenas um dia. O próximo passo desses profissionais no Brasil, porém, se assemelha, novamente, a uma criação da TV: Cold Case, em que investigadores reabrem casos antigos para encontrar culpados usando procedimentos que não existiam na época do crime. Recentemente, a polícia de São Paulo reabriu processos para identificar autores de crimes cometidos desde 1999. Com a ajuda de exames de DNA, mais de mil casos já foram resolvidos, em sua maioria, crimes sexuais. Com os novos equipamentos, é possível reprocessar evidências e finalmente colocar na prisão os culpados. Prova de que a tecnologia pode ser mais poderosa que o crime. 
  Até debaixo d'água 
Peritos de Brasília investigam crimes que ocorrem no maior lago da cidade 


O instituto de Criminalística do Distrito Federal não se limita a realizar perícias em terra firme. Desde o início do ano, um grupo de peritos subaquáticos tem a missão de apurar as denúncias relacionadas ao lago Paranoá, em Brasília. Os 48 mil metros quadrados do lago estariam sendo usados para esconder corpos e armas. 


Os profissionais passam por uma rigorosa seleção de capacidade física. Os treinamentos são feitos em um tanque de mergulho do Exércíto, com seis metros de profundidade. Para integrar o grupo, são necessárias 120 horas de aula. Entre as técnicas ensinadas no treinamento se destacam a habilidade de mergulho, recuperação de pessoas ou objetos, deslocamento com bússola (necessário devido à baixa visibilidade do lago), lift bag (teste em que um balão vazio é inflado debaixo d’agua, até chegar à superfície, próximo a uma equipe que monitora a experiência de um barco), além de exercícios de natação. E, duas vezes por semana, eles também correm em um parque de Brasília para manter o condicionamento. 
MERGULHO
Anderson Schneider
Crédito: Anderson Schneider
Se a prova para se tornar perito já é difícil, o treinamento para investigar debaixo d'água torna o desafio um pouco maior. São 120 horas de exercícios que ensinam como se localizar embaixo d'água usando bússola e GPS. Além de recriar cenas de prováveis crimes, os peritos de Brasília também medem a poluição do lago Paranoá.


Uma das principais finalidades do grupo é a montagem de prováveis locais de crime embaixo d’água. No caso de um homicídio, por exemplo, é possível determinar se a vítima morreu ao se enroscar acidentalmente numa corda ou se foi amarrada de forma proposital. Para esclarecer os casos, os peritos utilizam equipamentos como o profundímetro e o GPS, que servem para fazer a localização precisa de um objeto ou corpo. 


A seção promove, também, a verificação periódica do índice de poluição ambiental do lago, paralelamente à busca de objetos metálicos que podem estar relacionados com crimes, como armas, facas etc. Para aumentar a capacidade de rastreamento desses objetos, em breve deverá ser adquirido um detector de metais subaquático e um sonar que fornece o relevo do fundo do lago.
  Altas horas 
Nossa reportagem acompanhou a perícia de São paulo madrugada adentro 
São oito horas da noite de uma segunda-feira no Butantã, bairro paulistano onde fica a base de saída das equipes de Crime Contra a Pessoa do Instituto de Criminalística de São Paulo. É o começo de plantão e a primeira chamada que chega às mãos do perito Júlio de Carvalho, 25 anos. Trata-se de um tiroteio. 


Seguimos rapidamente para o Hospital São Paulo, na zona sul da capital. O especialista está lá para colher as amostras residuográficas de um assaltante que trocou tiros com a polícia. Júlio precisa saber se houve disparos. “Temos que deixar tudo bem esclarecido para não que não hajam contestações judiciais no futuro”. 


A segunda ocorrência é distante, no bairro de Parelheiros, a mais de 40 minutos do centro. Depois de adentrar vielas sem asfaltamento e costurar favelas em plena madrugada, o efetivo chega ao asilo Casa Branca. Lá, um idoso caiu em um poço de 10 metros. Eis o mistério: o buraco estava fechado com uma pesada tampa de concreto, cercado por portões, e tinha uma embocadura estreita, difícil de passar um corpo humano médio. “Ele não mexe metade do corpo”, disse o responsável pelo asilo. 


A suspeita, claro, era a de que alguém teria tentado assassinar o senhor. Era estranho alguém naquela idade ter força para se matar daquela forma. O perito, com calma, fez algumas perguntas e verificou as rotas que davam acesso ao poço. Testou a força para abrir o tampão, analisou vestígios de terra próximos ao local e anotou as conclusões em um rascunho. Voltou ao IC quando o dia já amanhecia. Era o fim do seu turno, mas o início das investigações.//artur guimarães


 Ficção x realidade 
Max Houck, ex-agente do FBI e diretor da área forense da Universidade de West Virginia, diz se o que acontece nos seriados é possível na vida real //mariana lucena 
Anderson Schneider
Crédito: Anderson Schneider










fonte:http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,ERT143034-17773,00.html

2 comentários:

  1. Curti muito essa reportagem, sou estudante de engeharia civil estou no 5° período, assim que me formar vou tentar entrar nessa profissão, irei tentar primeiro para perito criminal da PF.Se Deus quiser vai dar certo , irei estudar pra caramba, mas primeiro é formar minha base no meu curso.

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    Respostas
    1. Maicon,

      Corra atrás dos seus sonhos e não desista, que a vitória chegará.

      Abraços!

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